Crenças – (2) Definindo Crenças

    São princípios orientadores para dar sentidos ao mundo e explicações ou substituições de dependências psicológicas de fatos inexplicáveis, ou além do nosso conhecimento, que intimamente aceitamos para sustentar conceitos adquiridos e alimentar fantasias.

    Compartilhar crenças nos dá a sensação de participar do conhecimento coletivo. Os mitos surgem de fatos ocorridos ou experiências mal compreendidas em muitos casos sendo atribuído ao sobrenatural, ou ao inexplicável. As lendas possuem bases em fatos históricos, mas fortificadas por mitos ou fantasias.

    A cultura, o tempo, a religião e as grandes mudanças sociais como as guerras, modificam as crenças no seu conteúdo e realismo, acrescentando informações regionalizadas preenchendo as lacunas do conhecimento.

    Com a evolução do tempo e a não repetição das ocorrências dos fatos geradores elas são transferidas para o folclore popular criando mitos, lendas, ou simplesmente desaparecem.

    Do ponto de vista psicológico, a crença aumenta a capacidade do individuo de atingir estados espirituais rompendo as resistências e medos inconscientes, causando sensações de bem ou mal-estar.

    A crença do ponto de vista conceitual, quando individualizada, reporta-se à capacidade de cada pessoa aceitar novos conceitos, transferindo parte do conteúdo incorporado do consciente para o inconsciente, reagindo de forma positiva ou negativa criando ancoras comportamentais.

   Quando tornadas coletivas ou de aceitação comunitária, as crenças permanecem no consciente e são validadas a cada necessidade.

   A ideia do dualismo, ou seja, o bem e o mal já encontravam sustentação nas atitudes mais básicas da necessidade humana, o Sol fornecia calor e visibilidade, propiciando segurança e sobrevivência, enquanto a noite propiciava inatividade obrigando a busca de proteção e abrigo. Os raios e trovões eram manifestações de castigo.

    As religiões são um exemplo mensurável de utilização de crenças, instigando nos indivíduos, necessidades inconscientes de credibilidade e dependência da existência divina.

   A transferência de responsabilidade a um nível superior, principalmente se não há questionamentos pelos axiomas impostos, consolida a noção do determinismo, mesmo que permaneça no consciente a sensação de que algo ficou incompleto.

   As religiões de uma forma geral conduzem a comportamentos coletivos que preservam a sociedade, do ponto de vista sociológico, mas todas enveredam pelo sentimento de dualismo nas ações, ou seja, dar algo em troca da conquista ou mesmo da obediência incondicional às regras estabelecidas.

   Os regentes nas antigas civilizações cultivavam a dependência divina, pois sabiam que legisladores podiam ser questionados, mas nunca as divindades dos quais se diziam descendentes, escolhidos ou representantes, produzindo cega obediência.

   As crenças quando compartilhadas coletivamente, tornam-se fontes de orientações comportamentais, produzindo e estabelecendo regras e atitudes.

As crenças podem ser limitantes e possibilitantes ou empoderadoras, ou seja, representam muros ou pontes para a evolução como ser. Assim podemos entender que a religião através dos seus axiomas e complexidades argumentativas, enquadram-se como terrivelmente limitantes quando não temos como discutir a veracidade ou não dos fatos históricos religiosos e somos influenciados por gerações a seguir conceitos inquestionáveis.

   Crença, é o resultado da consolidação do nosso mapa individual do mundo, através dos filtros de percepções sociais e pessoais, fortemente influenciados pelas generalizações e distorções dos nossos mitos, lendas e fantasias.

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