Atentado contra a constituição (vol 2)

  Tive o privilégio de estudar em escolas públicas na época que o ensino brasileiro tinha dignidade e qualidade, quando políticos semi analfabetos não opinavam na educação e o ensino não era usado como ferramente de alienação ideológica. Mas com certeza, aprendi a ler e interpretar textos.

  Na tentativa de recondução de Maia e Alcolumbre às suas posições de presidentes da Câmara e do Senado, em mais este ataque á nossa Constituição pelo órgão que tem a suprema obrigação de defende-la, pus em dúvida minha habilidade de leitura e tentei com todas as lentes de aumento possíveis, entender as explicações dos ministros que votaram a favor da recondução, atrás de algo que fizesse sentido, pois o bom senso e uma simples leitura do Art 57, § 4º, deixa claro que não sou analfabeto, nem estou maluco. Qualquer adolescente minimamente alfabetizada pode entender seu conteúdo.

Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)
§ 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)

  Refleti por muito tempo sobre o que se escondia por trás desta tentativa descarada, que além de nos chamar de otários, avançava a passos largos sob a torcida disfarçada dos agraciados Maia e Alcolumbre, que esqueceram o dever moral de proteger a constituição e fizeram de conta que não era com eles, como se fosse obra apenas do Supremo e de algum destes partidecos políticos que infestam e envergonham o País e são usados exclusivamente pelo STF como a fonte de provocação para inseri-los nos processos de seus interesses.

  Só podia ser um truque, sim, era um truque do tipo se colar, colou, ou seja, vamos empurrar o que quereremos até ver onde dá. Se complicar, mudamos o rumo. Não parece estranho que algumas decisões do supremo mudam drasticamente após uma forte reação popular?

  Mas foi por pouco. Onde estão nossos representantes que não se manifestam? Onde estão os filósofos políticos de plantão que se calam nos momentos que mais precisamos deles? Onde se esconde a coragem do povo Brasileiro que faz de conta que não é com ele, mas faz passeata pelo “Black is matter”.

  Estamos presenciando o manifesto do povo francês indo às ruas defender sua liberdade de expressão contra a proibição de filmar atividades policiais em ação e divulga-las, passeatas no Chile contra decisões governamentais que contrariam vontades populares.

  Até quando seremos passivos, surdos, mudos e alienados? Quando vamos aceitar que nós somos o Povo, nós somos o Governo. Os representantes estão lá porque nós os colocamos. Bastaria uma centenas de pessoas em frente ao Supremo Tribunal com cartazes de respeitem a constituição que a tentativa deles nem teria chegado a 5X1. Esqueceram o Povo na rua por um aumento de passagem de ônibus em São Paulo. Onde está aquele povo?

Isso me faz lembrar um poema famoso:
“No primeiro dia, entraram em seu jardim e roubaram-lhe as rosas, e eles não disseram nada, no segundo dia, entraram em sua sala e roubaram-lhes os alimentos e eles não disseram nada, no terceiro dia, entraram em seu quarto e roubaram-lhes a voz da garganta, e como eles nunca disseram nada, nunca mais poderão dizer mais nada.”

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