Seja Líder – (7) Auto Conhecimento
– Você realmente se conhece?
Muitas pessoas ficariam surpresas ao olharem para dentro de si mesmas e perceberem que muitas atitudes e comportamentos que os conduzem no seu dia a dia são reflexos adquiridos.
Você já parou para pensar que com algumas pessoas você não consegue conversar e com outras o diálogo flui fácil? E que as vezes ao assistir a uma palestra você fica confuso achando-se incapaz e em dívida do que realmente o palestrante quis apresentar? E ainda que em muitas ocasiões você apresenta algo e parece que as pessoas não estão interessadas?
Se você também tem esta impressão de estar meio deslocado, já pensou como se comportará como líder?
A percepção é o processo pelo qual as pessoas selecionam, interpretam e organizam informações criando seus mapas do mundo que influenciam diretamente nas suas atitudes comportamentais.
Sendo assim, vou desafiá-lo a se questionar com perguntas que o incomodarão, e seu esforço em responder com certeza lhe trará novos e constantes questionamentos para o resto da sua vida. Este é um daqueles momentos que você tem que fazer escolhas.
– No que você realmente acredita?
Você já parou para avaliar profundamente suas crenças? Já pensou que algo que considera verdadeiro pode ser apenas aprendizado genérico? Já se questionou se aquelas coisas que você considera erradas ou injustas não é sua compreensão que está distorcida?
As crenças fomentam dependências psicológicas de fatos inexplicáveis ou além do nosso conhecimento, que intimamente aceitamos ou gostaríamos que fossem verdadeiros para sustentar conceitos adquiridos e alimentar fantasias.
Compartilhar crenças nos dá a sensação de empatia e de participar do conhecimento coletivo.
A cultura, o tempo, a religião e as fantasias, modificam as crenças no seu conteúdo e realismo, acrescentando informações regionalizadas preenchendo as lacunas do conhecimento factível das ocorrências. Com a evolução do tempo e a não repetição das ocorrências dos fatos geradores elas são transferidas para o folclore popular ou simplesmente desaparecem.
Do ponto de vista psicológico, a crença provoca o aumento na capacidade do individuo de atingir estados espirituais que rompem com as resistências e medos inconscientes, causando sensações adversas de bem ou mal-estar.
A crença do ponto de vista conceitual, quando individualizada, reporta-se à capacidade de cada pessoa aceitar novos conceitos, transferindo parte do conteúdo incorporado do consciente para o inconsciente, reagindo de forma positiva ou negativa criando ancoras comportamentais.
Quando tornadas coletivas ou de aceitação comunitária, as crenças permanecem no consciente e são validadas constantemente.
– As pessoas te temem ou te respeitam?
No seu relacionamento diário, com amigos, família ou no trabalho você identifica o que as pessoas realmente sentem em relação a você. Você constantemente sente-se incomodado ou rejeitado nos grupos que participa? Suas ideias são prontamente avaliadas ou você tem dificuldades de apresentá-las?
Lembre-se que durante sua infância, quando sua personalidade foi formada, você moldou suas crenças através dos filtros de percepção e criou sua personalidade, ou seja, a máscara com que você se apresentará ao mundo.
– Quem você teme e quem você respeita?
Você consegue identificar pessoas que te provocam medo e aquelas que você sente que gostam de você? Muitas vezes, as pessoas que você teme não desgostam de você, apenas você se julga incapaz de administrar uma conversa e expressar suas ideias de forma clara. O problema normalmente reside na forma de comunicação ou na diversidade das crenças envolvidas.
Seria muito importante se você conseguisse fazer uma lista das pessoas que você teme e tentar analisar o principal motivo e na outra ponta, identificar as pessoas que você acha que te respeitam e analisar se é realmente respeito ou medo disfarçado.
– Você é feliz com o seu trabalho?
O seu trabalho lhe dá prazer ou apenas sensação de obrigação? Se você espera ansioso pelo próximo dia de trabalho está no bom caminho.
Lembre-se que você passa quase metade da sua vida desenvolvendo algum trabalho e geralmente em equipe. A relação com seus colegas no dia a dia são de fundamental importância para sua estabilidade emocional e neste ambiente sempre estará presente a busca pela liderança.
Caso seu trabalho de alguma forma não lhe traga nenhuma felicidade e você sente-se obrigado a participar, talvez você precisa tomar uma decisão e fazer uma escolha, quer seja avaliar se os reais motivos não são sua culpa ou se você escolheu o trabalho errado. Neste caso, busque novo trabalho urgentemente pois a tendência é você contribuir cada vez menos com os resultados esperados e cada vez mais sofrer com a obrigação.
– Você é feliz com a sua vida?
O seu dia a dia te agrada? Você faz planos para o futuro e já imaginou como você será daqui a 10 anos? Você acha que fez as escolhas corretas? Você fez suas atitudes valerem mais que suas palavras ou intenções?
Puxa, são tantas perguntas que chegamos a ficar desorientados, mas calma, todas podem ser respondidas se conhecermos os caminhos que obrigatoriamente tivemos que seguir para chegar a este momento. Como descobriu Alice no País das Maravilhas, se você não sabe onde quer ir, todo caminho serve.
– Você sabe como você se comunica?
Você já teve a sensação que você se entende melhor com algumas pessoas que com outras, inclusive com algumas que você acabou de conhecer?
A falha na comunicação interpessoal constitui-se no principal empecilho para a liderança, e durante o nosso aprendizado pela vida não nos damos conta que precisamos dominá-la, ou pelo menos entendê-la.
Imagine-se falando com um russo ou árabe sem saber nenhuma dessas línguas e vice-versa, acabaria falando por sinais mesmo assim sem muitos resultados.
No dia a dia da nossa vida isso acontece constantemente sem nossa percepção, mesmo falando o mesmo idioma e geralmente causando as sensações que comentamos anteriormente sobre a identificação de quem nos temem e quem tememos e quem respeitamos e nos respeitam.
O segredo não está na entonação nem nas palavras ou nos gestos, mas na forma de comunicação que as pessoas desenvolveram durante a formação da sua personalidade e do seu caráter.
Nossa forma de comunicação é o resultado da evolução cognitiva da natureza humana e representa os sentidos básicos:
- Visual
- Auditivo
- Cinestésico
- Olfativo
Pois é, simples assim.
Todos nós temos como padrão todas as formas de comunicação, entretanto em escalas diferentes que se definem durante nossa evolução individual e desenvolvemos alguns sentidos mais que outros, e finalmente adotamos um deles como padrão.
Poucas pessoas conseguiram equilibrar todas as formas de comunicação inconscientemente, a estes foi dado o dom da liderança natural, ou seja, comunica-se com todos igualmente sendo facilmente aceito em todos os grupos. Infelizmente, a maioria não conhecem este dom e não conseguem desenvolver sua liderança natural pela falta do auto conhecimento e utilização de técnicas contextuais.
Em alguns países do mundo, após a segunda guerra mundial, as instituições de ensino definiram como objetivo nacional a orientação para formação de líderes para o mundo, mudando seus conteúdos programáticos, métodos de ensino e desenvolvendo técnica de identificação destes líderes inconscientes e a forma de prepará-los, assim como desenvolver o conhecimento dos demais com técnicas contextuais.
Qualquer nação que tenha como objetivo a formação de lideres, com certeza assumira papel de grande importância no nosso planeta.
Em nosso País infelizmente, essa regra nunca foi considerada e enveredamos pelo Credencialismo, ou seja, a obtenção de um diploma para almejar maior competitividade no mercado de trabalho e alimentar as estatísticas mundiais fugindo das ultimas colocações no ranking.
Nosso metodologia de ensino é praticamente uma comunicação de uma via, o professor escreve no quadro os alunos anotam nos cadernos, decoram e depois de algum tempo fazem uma avaliação para atestarem o que conseguiram decorar.
Na Faculdade que coordenei, tentamos quebrar esta insanidade com a implantação da metodologia ativa já em uso no mundo há bastante tempo e os resultados foram extremamente positivos. Os alunos participavam ativamente de estudos de casos e os professores eram simplesmente orientadores. O foco é nas habilidades e competências.
Felizmente, temos no Brasil muitos bons educadores que lutam diariamente para uma mudança na forma da País educar, afinal, temos um País com riquezas naturais, clima estável, extensão territorial e um povo maravilhoso, só faltam atitudes e verdadeiros lideres que nos guiem para nos tornarmos um país líder no mundo.
As regras de comunicação em grupo definem que as palavras respondem apenas por 7% da comunicação, e o restante com a mensagem corporal, mas esquecem que na plateia existem pessoas que se comunicam de todas as formas e se o comunicador não estiver preparado para esta realidade e muito menos identificar sua própria forma de comunicação, estará falando apenas para uma parte dos ouvintes, ou seja, aqueles que se comunicam da sua mesma forma.
Antes de iniciarmos o processo de identificar as formas de comunicação, precisamos entender que o aprendizado humano desenvolve-se em 4 (quatro) estágios:
- Incompetente inconsciente
- Incompetente consciente
- Competente consciente
- Competente inconsciente
A forma mais comum de exemplificar a evolução entre estes estágios é representada por um individuo que nunca viu uma língua estrangeira de um país e que nem sabia da sua existência, consequentemente sua incompetência em falar aquela língua é notória e inconsciente. Após tomar conhecimento desta nova língua, ingressa automaticamente no segundo estágio, pois agora ele tomou conhecimento que aquela língua existe, aquele país existe, mas ele não sabe utilizá-la e agora tem consciência da sua incompetência.
Dependendo do interesse ou necessidade de falar aquele idioma, começa a estudá-lo ingressando no terceiro estágio adquirindo competência consciente, ou seja, precisa durante algum tempo de muita prática e apoio incessante de dicionários e tradutores, para usufruir do novo conhecimento.
Entretanto, com o passar do tempo e a repetição constante da língua, a convivência e pratica diária fazem com que o conhecimento se transfira para o inconsciente tornando-o pró-eficiente no idioma em questão e passa a agir de forma competente inconscientemente.
O mesmo exemplo aplica-se perfeitamente para um motorista de carro que no estágio final consegue dirigir, ouvir música, conversar com o passageiro e digitar no whatsapp, embora tudo isso seja perigoso, principalmente se forem executados todos ao mesmo tempo, afinal, lembrem-se que ser polivalente corresponde à capacidade de estragar muitas coisas ao mesmo tempo.
O processo de formação da nossa personalidade e do nosso caráter é submetido constantemente a diversos filtros de percepção que influenciam nossos critérios de avaliação e construção final da nossa visão do mundo:
- Neurológicos (Clima, região, nossos sentidos físicos…),
- Sociais (linguagem, crenças, etnia…)
- Pessoais (generalizações, distorções e eliminação).
A mundo real é imutável e representa o território sobre o qual vivemos, mas cada indivíduo o enxerga de forma diferente como resultado dos seus filtros de percepção, criando suas visões do mundo ou mapas.
Lembre-se que suas decisões nem sempre levam em consideração o mundo real, mas o seu próprio mapa mental da realidade.
Os filtros Neurológicos, representam as eficiências e deficiências dos nossos 5 sentidos naturais que nos interligam com o mundo exterior. Nossos ouvidos só conseguem captar sons na faixa de 20 a 20.000 ciclos por segundo, o que significa que a maioria dos sons nós nem sabemos que existem. As cores que identificamos como azul, verde, etc de fato não existem da forma como as vemos, e só conseguimos perceber aquelas entre o infravermelho e o ultravioleta.
A experiência de crescer em diferentes climas, nos condicionam a hábitos diferentes e a diversas reações às oscilações de temperatura.
Os filtros Sociais são responsáveis diretos pelo desenvolvimento da nossa personalidade, nascemos em condições iguais em todo o planeta, mas somos submetidos a crenças variadas. O resultado da convivência no meio familiar e social nos conduz a desenvolver crenças e aceitar mitos já consolidados pelos povos.
Como influência diretas destes filtros naturais, aos quais não temos quase nenhuma influência, e são formadores dos nossos filtros pessoais, iniciamos nossa jornada pela formação da nossa personalidade interpretando à nossa maneira o que percebemos da realidade criando nosso próprio mundo.
– Generalizações
É uma operação intelectual mediante a qual se aceita a verdade de uma afirmação em decorrência de sua ligação com outras afirmações já reconhecidas como verdadeiras. Consiste, portanto, em derivar conclusões a partir de premissas conhecidas ou decididamente verdadeiras.
O processo pelo qual uma conclusão é aceita pode ser correta dentro de um certo grau de precisão ou correta em certas situações, e estas conclusões a partir de observações múltiplas podem ser aferidas por observações adicionais.
As generalizações formam nossas CRENÇAS que podem ser úteis ou não em relação ao conteúdo, assim como podem ser úteis ou inúteis em relação ao contexto.
Em nosso processo de aprendizado, selecionamos muitas informações pela sua importância genérica que passa a representar toda uma categoria da qual aquela informação pertence. Um exemplo é que o fogo queima e conclui-se que todos os fogos queimem e que todas as cargas elétricas dão choques dolorosos, o que nem sempre é verdadeiro.
Generalizações também são criadas para representar povos, raças e atitudes de grupos políticos. Nem todos os Muçulmanos são Xiitas ou radicais, assim como nem todos os árabes são Muçulmanos, nem todos os alemães são nazistas e nem todos os brasileiros são flamenguistas.
Este filtro é responsável pelo aprendizado acelerado porém empírico. Um resultado catastrófico na nossa sociedade é a utilização maciça de meios de comunicação de uma única via, como Tv´s, jogos eletrônicos e o uso descontrolado dos sites de busca, que possibilitam às pessoas adquirirem uma quantidade enorme de informações em pouco tempo, porém sem entendê-las completamente, embora passem a usá-las no seu dia a dia.
A consequência pode ser desastrosa na educação dos nossos jovens pelo grande volume de conhecimento empírico adquiridos que estão perdendo a noção da pesquisa, do desenvolvimento cognitivo e da criatividade.
A generalização é mais danosa que o preconceito pois este pode ser modificado pelo conhecimento e a generalização faz parte da formação da sua personalidade e das suas crenças.
– Distorções
É um recurso mental que nos permite substituir o objetivo da informação pela sua subjetividade, modificando a realidade dando-a novo significado.
É o filtro sensorial responsável pela criatividade e que depende em parte dos filtros sociais pela influência das crenças desenvolvidas entre os povos.
As conclusões subjetivas geralmente variam em cada região mesmo quando o enunciado da informação tem a mesma origem.
As distorções são utilizadas constantemente em músicas, comunicação escrita e arte, e dependendo da forma de comunicação que o interlocutor utiliza variam os sentidos das distorções. Lembrem-se aqui dos humoristas, especialistas em distorções.
Sem perceber, a todo momento, cometemos erros cognitivos que são distorções negativas da realidade provocando reações adversas de catastrofismo, super generalismo, pensamento TUDO ou NADA, abstração seletiva e muitas outras mazelas.
– Eliminação
É o processo mental pelo qual retemos certos aspectos das informações e eliminamos outras pelas sua irrelevância ou pelo nosso desconhecimento.
É um importante aliado da comunicação e da nossa saúde mental. Recebemos diariamente mais de 2 (dois) milhões de estímulos sensoriais e graças à esta faculdade conseguimos filtrar e concentrar somente naquelas que são relevantes.
Imagine que neste exato momento que você está escutando o barulho do ar-condicionado, de um carro que passa na rua, de pessoas conversando, da temperatura do ambiente, da luminosidade do sol, da música e do seu próprio coração batendo, agora multiplique isso por 500 mil outros, com certeza você ficaria louco.
Existem pessoas no mundo que tem dificuldade de isolar informações e consequentemente tentam responder a todas elas simultaneamente causando um grande transtorno.
Sabemos que na comunicação humana as frases são constituídas da mensagem, confirmação e ruído, ou seja, se lemos um texto e não descobrirmos a essência da mensagem através da eliminação das informações supérfluas, dificilmente o compreenderemos.
A eliminação torna-se uma poderosa ferramenta da nossa capacidade realizadora, pois nos concentramos no que realmente importa e tem relevância. Perdoem-me os prolixos.
Thanks for your blog, nice to read. Do not stop.