SEJA LÍDER – (13) A NOVA LIDERANÇA
A Pandemia de 2020 provocada pela COVID-19, nos obrigou a ver uma nova realidade e uma revisão profunda dos nossos conceitos de interação social mudando introduzindo ou modificando drasticamente o conceito de liderança.
Isolados em casa, trabalhos a concluir, grupos desarticulados, será que esta é uma nova realidade imprevista ou apenas fomos acordados para ela? Será que a forma que nos comportávamos não estava nos conduzindo a este processo e precisávamos mudar?
Dentre estes problemas, alguém pensou como fica a liderança? Como continuar liderando pessoas que você não consegue influenciar com seus gestos corporais, atitudes comportamentais e exemplos?
Como conduzir pessoas que você descobriu, mapeou seu comportamental e o inseriu no grupo usando suas características principais e sua forma de comunicação, tornando-o produtivo dentro do relacionamento grupal? Como conduzi-los agora, à distância?
Sabemos que não fomos ensinados a trabalhar sozinhos (principalmente em casa) e precisamos do estímulo, dos exemplos e por que não das cobranças do dia a dia. Não fomos ensinados a estudar sozinhos, não fomos ensinados a ter autodisciplina.
O que falar das condições de trabalho longe do cafezinho quente e servido, do ar-condicionado e dos bate-papos durante as refeições? Sabemos que infelizmente, a maioria dos lares não fornece ambiente saudável para um trabalho remoto de qualidade. Se não é o calor, é o barulho das crianças a briga dos vizinhos, o rádio tocando um forro ou a televisão falando de um assalto a banco, sem falar do acesso à ‘internet’ com muitas falhas e possibilidades de invasão por vírus.
Neste cenário, como conduzir uma equipe que você não consegue olhar diretamente nos olhos?
A possibilidade de trabalhar em casa é uma ideia que tem animado cada vez mais trabalhadores e empresas com o desenvolvimento e a popularização das tecnologias de informação.
Há registros sobre a realização do trabalho a distância desde os anos 1950, e nas décadas de 1960 e 1970 não era incomum a prática do trabalho em casa para a produção de manufaturas em vestuário, alimentos e calçados, embalagem e montagem de equipamentos elétricos.
Em 2014, o Reino Unido promulgou uma lei que dá direito a todos os trabalhadores de requerer flexibilização da jornada, inclusive trabalhar em casa por período parcial ou integral. Uma lei recente estendeu este benefício aos pais com filhos de até 16 anos na maioria das vezes, incluindo alguma parte da jornada, realizada remotamente.
Entre as maiores dificuldades de adaptação desta nova modalidade de trabalho, destacam-se o gerenciamento de horários de trabalho, introdução de novos aplicativos para a realização das atividades, adaptação à autodisciplina ao trabalho domiciliar e comunicação entre os membros para manter o foco e a produtividade.
O gerenciamento do horário de trabalho é uma constante preocupação pela complexidade do regime trabalhista brasileiro e suas implicações no conflito entre empregadores e empregados quanto aos direitos protecionistas em relação à dedicação comprovada e recursos utilizados.
Um dos fatores que mais impactou no teletrabalho, foi a disponibilidade de ferramentas adequadas a esta nova modalidade que se adequassem a cada necessidade, tanto de abrangência, registros das ocorrências, controle dos processos e gerenciamento dos horários estabelecidos. Como implantar uma nova ferramenta com a impossibilidade de treinamento presencial?
Como fator complicador, como administrar as emoções do líder e dos membros em um cenário atípico de pandemia interferindo em seus desempenhos?
O estilo Democrático de liderança (valoriza a participação dos membros tornando as decisões de responsabilidade de todos), pelo processo participativo, tem-se mostrado o mais utilizado nas fases de adaptação com forte apelo ao estilo Visionário (incentiva os membros a sonhos compartilhados) consolidando a ideia de união e construção de um futuro seguro.
A resiliência e a adaptabilidade a mudanças são os principais atitudes a serem demonstradas com empatia pelo líder e a constante prestação de contas com os liderados transferindo otimismo e segurança.
Faz parte da formação de um líder a consciência do cenário de imprevisibilidade característico da globalização, exigindo respostas rápidas na resolução de problemas e capacidade de adaptação às constantes mudanças.
O resultado destas mudanças imprevistas veio à tona com a necessidade de profundas alterações no sistema de ensino há muito ultrapassado e exclusivamente credencialista que temos em nosso País.
Faz-se necessário preparar tanto os profissionais tecnicamente como estimular a formação de lideranças com foco na inovação e empreendedorismo como única forma de moldar o nosso futuro e nos colocar em condições de competição no mercado global.
Observamos a crescente onda de Lives e blogs pela internet com a participação de pessoas defendendo suas ideologias e opiniões e conseguimos identificar facilmente aqueles com dons da oratória e que se sobressaem nos debates.
A empatia que antes era reforçada pela presença e atitudes corporais, na telinha se baseia nos argumentos embasados, entonação da voz e nas expressões faciais.
Não existe espaço para sorrisos debochados nem titubear nos argumentos, muito menos utilização de informações incompletas, pois estas estão facilmente disponíveis discretamente pelos sites de busca.
Em resumo, acredito que a liderança em nada mudou na sua essência, nem se tornou liderança cibernética ou qualquer outro título que queiram dar, apenas anexou necessidade de comunicação mais objetiva, focada na mensagem com a eliminação de ruídos e foco na motivação pelo contexto.